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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

GO: Estado está na rota da exploração sexual



A malha rodoviária do estado de Goiás é apontada como a principal rota utilizada por rede de aliciadores de crianças e adolescentes transformadas em vítimas de exploração sexual. A rede utiliza-se dos serviços de caminhoneiros que transportam meninas e meninos pobres de estados do Norte e Nordeste do país até a fronteira com outros países da América Latina, como Argentina, Bolívia, Chile e Peru. Abandonadas à própria sorte, as crianças tornam-se escravas de donos de casas de prostituição, bares e postos de gasolina localizados à beira da estrada. Para fazerem o transporte de crianças e adolescentes, motoristas de caminhão recebem quantias que variam de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil. Com esse dinheiro, o motorista paga também as despesas da menina ou do menino enquanto estiverem em sua companhia. Se ele tem de gastar muito, acaba abandonando-os no meio da estrada, onde são explorados sexualmente em troca de casa e comida. É o que relata o presidente da Federação Goiana dos Motoristas de Caminhão (Fegocam), Orlando dos Santos. “É uma crueldade, mas é assim que acontece”, diz. O abandono, muitas vezes, acontece em pontos localizados às margens de rodovias federais que cortam o estado. Um vai-e-vem criminoso que fez crescer o número de pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes em 27,3%, nas BRs, em menos de quatro anos. Levantamento realizado pela Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do estado, em 2004, identificou 73 locais propícios à exploração sexual infanto-juvenil. No ano passado, o número subiu para 93, vinte deles no perímetro urbano da BR-153. O número de crianças e adolescentes encontrados em provável condição de exploração sexual entre janeiro do ano passado e julho deste ano chegou a 192. O avanço desse tipo de crime foi tema ontem (24) de uma audiência pública realizada na Assembléia Legislativa. Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais de Goiás, Felisberto Tavares, somente com a união dos esforços entre os órgãos de proteção a crianças e adolescentes essa realidade poderá ser alterada. Um dos objetivos da Fegocam é a redução dos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes envolvendo o profissional motorista. A entidade quer reduzir essa estatística negativa e melhorar a imagem do caminhoneiro, que é quem mais se depara com meninos e meninas nas rodovias, disse Orlando dos Santos. Para Felisberto, o caminhoneiro é peça fundamental no combate a este tipo de crime. “É ele quem tem contato direto com os aliciadores e deve denunciar a exploração infanto-juvenil nas rodovias”, afirma. Segundo ele, nos primeiros sete meses deste ano, foram presas 15 pessoas acusadas de pertencerem à rede de aliciadores. Setenta e três crianças e adolescentes foram encontrados pela PRF nas rodovias federais em condição de exploração sexual. Os acusados de aliciar as meninas e meninos são encaminhados aos distritos policiais das cidades onde foram presos e as vítimas às redes de apoio mais próximas do local do flagrante. As BRs-153, 364 e 060 atraem o maior número de crianças e adolescentes, mais da metade deles tem entre 15 e 17 anos. O levantamento realizado pela PRF começou em 2004. No mês que vem, um seminário será realizado em Goiânia para discutir o tema. Também em outubro a PRF começa a distribuir material educativo para tentar conscientizar os caminhoneiros que passam por Goiás. O senador Demóstenes Torres (DEM) apontou a falta de estudos sobre o tema. “Não há nada além do levantamento feito pela PRF”, criticou. Para ele, há necessidade de um estudo minucioso e de ações integradas. “O combate a esta prática criminosa, é algo absolutamente isolado”, destacou. Para o senador, o Ministério da Justiça precisa tomar posição no enfrentamento do problema. Não basta só a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) constatar o que ocorre no País. É preciso mapear os pontos de exploração, identificar e punir os membros das redes e combater o crime de maneira estratégica”, observa. O governo federal possui o serviço do Disque 100 para receber denúncias de exploração sexual contra crianças e adolescentes. O serviço funciona diariamente das 8 horas às 22 horas. A chamada é gratuita e as denúncias são encaminhadas aos órgãos competentes em até 24 horas. Quem faz a denúncia tem o direito de manter seu nome sob sigilo.

[O Popular (GO), Itaney Gonçalves e Deire Assis – 25/09/2009]

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